Tendo como
destinatário a Dª Maria Vieira Batista, mais conhecida pela Ti/Maria Painsa.
Muito
haveria a dizer sobre a vida da Dª Maria, para ficar a perpetuar na memória
daqueles que privaram de perto com ela, ou pelos que só ouviram falar na Ti/
Painsa como Mãe da numerosa família Sobral.
Não fiz
recolha de dados com os familiares, apenas deixo as minhas memorias, de uma
senhora que sempre admirei por vários motivos. Não posso falar da Ti /Painsa
sem fazer referencia à sua vida familiar e conjugal, que deve ter sido rica,
recheada de bons momentos amorosos com o seu marido, o saudoso Tio Celestino
Sobral. Morreu muito novo, mas enquanto viveu fez jus ao pedido do Criador,
casai e multiplicai-vos…. O Tio Celestino partiu e deixou a Dª Maria com duas
mãos cheias de filhos! É aqui que eu começo a admirar a Ti/ Painsa, pois tinha
muitas bocas para alimentar e ela trabalhou muito para que nada lhes faltasse.
No rosto da
Dª Maria notava-se a dor, o sofrimento, a luta que estava a travar para que
nada faltasse aos seus filhos, o rosto e os olhos dela impressionava-me, eu via “regos” na sua
face de tanta lágrima correr! Mas a vida não parava e lá andava a Ti/ Painsa
com a gamela à cabeça, pé calçado ou descalço, (dependia do tempo e do piso do
caminho) apregoando o peixinho que trazia. Não usava corneta! Para alertar que
estava por perto, usava a sua sonora e estridente voz que se ouvia bem longe!
Chamava as pessoas pelo nome e como tinha bom pulmão apareciam os clientes de
todo o lugar, era este o ritual da Dª Maria, que com bom ou mau tempo, logo que
houve-se peixe ela não faltava.
Um pormenor
digno de registo, vendia fiado e já fazia descontos aos mais necessitados! Era
uma mulher com um coração enorme e forte, pois só assim se compreende como
aguentava os reveses da vida, a dor da perda de quatro filhos. A Dª Maria era uma
senhora que apesar das sua dores e amarguras estava sempre disponível para
ajudar e colaborar no que pudesse , foi zeladora do sagrado coração de Jesus
durante muitos anos.
Muitas mais
coisas haveriam para contar desta ilustre amiga Ti/Painsa.
Como não
estive presente no ultimo adeus, faço esta pequenina homenagem a uma Mulher que
sempre admirei.
Até sempre
Dª Maria Ti/ Painsa.